✊🏾 Novembro Negro: Aquilombar-se é Re-existir

 

“Mesmo queimando o nosso povo, não queimarão a ancestralidade.” — Nêgo Bispo

 

Novembro é tempo de relembrar.

Tempo de honrar as raízes que sustentam a vida mesmo quando o mundo tenta arrancá-las.

Tempo de olhar para as dores que nos atravessam e transformar o luto em luta, a ferida em flor. 🌺

 

Mais uma vez, o sangue negro escorreu nas vielas da Penha.

E diante do silêncio, entendemos: a colonização nunca acabou — apenas trocou de farda.

O mesmo sistema que incendiou Palmares, Canudos e Caldeirões ainda tenta apagar tudo que brota livre, diverso e vivo.

Mas como ensina Nêgo Bispo, “mesmo queimando o povo, não se queima a ancestralidade”.

Porque o fogo deles não alcança o que floresce por dentro.

 

🔥 Colonização, necropolítica e a ferida que insiste em sangrar

 

Vivemos num país que aprendeu a lucrar com a morte.

O filósofo Silvio Almeida nos lembra que “o mercado quer o dinheiro do crime, mas não quer se sujar”.

É a necropolítica em ação: o lucro de poucos sustentado pelo medo e pelo sangue de muitos.

A mesma lógica que faz da bala um investimento e da juventude preta, uma estatística.

 

Mas entre as cinzas, o povo preto continua criando mundos.

Como ensina Nêgo Bispo, há uma outra forma de existir — a biointeração: o encontro entre gente, natureza e espiritualidade.

É dela que nasce o quilombo, não como refúgio, mas como proposta civilizatória.

Aquilombar-se é mais que resistir.

É escolher viver de um jeito bonito, coletivo e verdadeiro. É Re-existir.

 

🌿 Beleza como (re)existência

 

A Telúrica nasce dessa mesma raiz.

Aqui, cuidar é um ato político, e beleza é uma forma de reexistir.

Hidratar os fios, nutrir o couro cabeludo, sentir o perfume das ervas e dos óleos…

Tudo isso é também reatar os laços com quem fomos antes da colonização.

 

Cada trançado, cada ritual de autocuidado, cada produto nascido da floresta é uma semente de um quilombo.

Um gesto de amor que devolve dignidade, pertencimento e cura.

A beleza negra é reexistência viva: ela floresce mesmo quando o mundo tenta sufocar a raiz.

 

✨ Se aquilombar é sobreviver

 

O massacre da Penha é mais um capítulo do mesmo livro antigo.

Mas toda vez que tentam nos apagar, reacendemos o fogo da memória.

Toda vez que queimam um quilombo, outros nascem — no corpo, no salão, nas ruas, nas palavras, nos gestos.

 

Aquilombar-se é mais que sobreviver. É reexistir.

É dançar em roda, cuidar em comunidade, reconstruir a terra e o espelho.

É fazer do toque um gesto político, do cuidado um ato de fé.

 

Porque quando uma de nós floresce, todo o quilombo floresce junto. 🌿

 

Na Telúrica, acreditamos que o cuidado é ancestral e a beleza é uma forma de libertação.

Nossos produtos nascem da terra, da memória e do desejo de regenerar o que a história tentou apagar.

Neste Novembro Negro, se aquilombe com a gente.

Cuidar da raiz é cuidar da vida. 🖤

 

✍🏾 Referências

 

SANTOS, Antônio Bispo dos. Colonização, Quilombos: modos e significações. Brasília: INCTI/UnB, 2015.

 

ALMEIDA, Silvio. “O mercado financeiro quer o dinheiro do crime sem se sujar.” Portal Mundo Negro, 2025.

 

MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: n-1 Edições, 2018.